segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Autores fazem balanço na reta final de ‘Cheias de charme’
Estreantes como autores titulares em “Cheias de de charme”, Izabel de Oliveira e Filipe Miguez tinham como clara intenção propor novidades para o horário das 19h da Globo ao retratar a ascensão de três empregadas domésticas no meio musical. A fábula moderna com pegada pop, que chega ao fim nesta sexta-feira, será lembrada como a telenovela que avançou no diálogo entre a TV e a web. Parte fundamental da primeira grande virada da trama, o clipe “Vida de empreguete” — responsável pelo sucesso do grupo formado por Penha (Taís Araújo), Rosário (Leandra Leal) e Cida (Isabelle Drummond) depois de vazar na rede — foi disponibilizado na internet antes de ser exibido na novela. Uma das ousadias propostas pela dupla de escritores.— A internet é um personagem nesta novela, é fundamental para a trama. Por isso a estreia do clipe na rede deu tão certo, a história levava para isso. Acho bacana as telenovelas dialogarem cada vez mais com a web, mas cada história tem as suas exigências. No caso de “Cheias de charme”, isso era muito forte. Até porque se a gente resumisse a trama em poucas linhas, a internet já estaria lá: três trabalhadoras domésticas têm as suas vidas modificadas depois de fazer um clipe musical que acaba na internet — destaca Izabel.
Para ela, o uso da web no folhetim trouxe ainda a possibilidade de, durante toda a novela, estabelecer uma ponte entre ficção e realidade. Filipe explica que a ideia era apresentar “toda uma gama de personagens e conflitos inéditos”. Além, claro, de explorar a brincadeira transmídia e o diálogo com as mídias digitais.
— Também propusemos o jogo entre o real e a ficção, com artistas de verdade interagindo como personagens com os artistas da trama, assim como a presença dos nossos personagens nos demais programas da emissora. Brincamos nesse limite cada vez mais tênue entre o real e o ficcional e o virtual — acrescenta o autor, que classifica “Cheias de charme” como uma história sobre as transformações que a tecnologia está trazendo ao mundo, principalmente à periferia.
Desde o início, outra intenção da dupla de autores também foi escrever uma novela em que a câmera pudesse seguir as empregadas para além da cozinha — transformada em cenário principal da trama junto com a casa destas trabalhadoras. E, claro, mostrar a doméstica como protagonista e contar a história a partir do ponto de vista dela. Mas os novelistas tiveram certos cuidados ao retratar o conflito entre patroas e empregadas numa comédia das 19h.
— A maior surpresa para a gente foi a maneira tranquila como o espectador reagiu à nossa abordagem desse tema tão delicado e polêmico. Brinco dizendo que botamos o dedo na ferida e, surpresa, fez cosquinha. Numa novela com três heroínas domésticas em conflito com suas patroas, era quase inevitável haver uma polarização: empregadas-mocinhas/patroas-vilãs. Escapamos disso criando heroínas humanas e vilãs engraçadas. E também dando protagonismo à Lygia (Malu Galli), uma patroa irrepreensível, que pena para encontrar uma parceira doméstica; e Socorro (Titina Medeiros), a doméstica que concentra os principais defeitos da categoria — explica Filipe.
O universo musical dos cantores pop, dos namoros midiáticos, dos empresários e dos shows também teve espaço no folhetim. Sem falar da linguagem que flertou o tempo inteiro com inúmeras referências.
— Não nos refreamos na hora de fazer um caldeirão de referências, como na cena em que Socorro sai do rio em Sobradinho imitando a abertura antiga do “Fantástico”, ou na sequência do passado de Inácio (Ricardo Tozzi), com claras referências ao filme “Kill Bill” — enumera Filipe.
Nesta reta final, as Empreguetes irão se juntar novamente. E voltarão a fazer sucesso. Mas Cida e Penha também darão atenção aos seus projetos pessoais. Apesar de não quererem adiantar muito os finais para “não tirar a surpresa”, os autores revelam que grande parte dos vilões irá se redimir.
— É uma novela muito assistida pelas crianças e a mensagem que queremos passar é que as pessoas que aprenderam a lição merecem outra chance — adianta Filipe.
Por isso, até o malandrão Sandro (Marcos Palmeira) irá tomar jeito. A tresloucada Socorro vai enfim perceber que não nasceu para a vida de estrela. Por causa de suas próprias confusões, a carreira da empregada no meio musical nem chega a decolar. Já a vilã-mor Chayene (Cláudia Abreu) será punida por tudo que aprontou, mas terá um final cômico.
— Ela é adorada pelas crianças e não quisemos fazer nada baixo astral, não combina com a personagem — justifica o autor.
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