segunda-feira, 26 de março de 2012

Débora Falabella vive uma anti-heroína em ‘Avenida Brasil’

 



RIO - Ao ler a sinopse de “Avenida Brasil”, próxima novela das 21h que estreia amanhã, Débora Falabella se deparou com uma história que define como “pesada”, “forte”. Ainda criança, Rita, sua personagem, perde o pai, Genésio (Tony Ramos), e, desprezada pela madrasta, Carminha (Adriana Esteves), é abandonada em um lixão, onde vive até ser adotada e se mudar para a Argentina. A atriz conta nunca ter vivido qualquer tipo de trauma e, para compor o papel, a solução foi tentar vivenciar o sofrimento da criança, interpretada nos primeiros capítulos por Mel Maia, de 7 anos.

— Claro que fui atrás de informações, mas não consigo nem imaginar o que é ser marcada dessa forma pela vida. Estive em Gramacho (no Rio, onde se localiza o maior aterro sanitário da América Latina). Fiquei impressionada ao ver como as pessoas vivem naquelas condições, com aquele cheiro, aquela proximidade da sujeira — diz Débora, que também buscou referências nas gravações: — Quis ver as cenas da Mel. O sofrimento dela, mesmo que fictício, me doeu. Ela é tão fofa e novinha...

Na trama escrita por João Emanuel Carneiro, Rita volta ao Brasil já adulta, com o nome de Nina. Quando chega ao Rio de Janeiro, só um sentimento a move: a vingança contra a mulher que a abandonou. Uma mocinha moderna? Talvez o termo anti-heroína seja mais apropriado.
— Fiz outras mocinhas que lutavam. Elas geralmente sofrem, são indefesas. Mas Nina, não. Ela já sofreu na infância. Agora, quer justiça e, acima de tudo, é muito humana. Tanto que será perdoada pelo público — espera a mineira, dizendo não ser fã de personagens maniqueístas: — Não acredito em alguém que seja totalmente bom ou mau.
Débora fala de Nina com autoridade. E não é para menos. Há dois anos, a atriz foi convidada pelo autor para o papel. Na época, conta, não sabia nem se estaria disponível. Apenas aceitou. E, desde então, vinha procurando tipos que desviassem do perfil de
Nina. Nesse tempo fez a vilã Beatriz, de “Escrito nas estrelas”, e a publicitária Clarisse, da série “A mulher invisível”. No fim do ano passado, ainda apareceu no telefilme “Homens de bem”, com Rodrigo Santoro.

— Acho que o único papel que fiz com a intensidade semelhante ao de agora foi em “O clone”. Fora isso, procurei variar o formato e não ficar tão exposta também. Acho importante dar uma descansada e variada na imagem — ela frisa. — Se eu fiz uma comédia agora, não vou fazer outra depois. Gosto de selecionar. E conto com a intuição.

A preparação para “Avenida Brasil” começou em dezembro passado, quando Débora iniciou a pesquisa das referências para sua protagonista. Em seguida, fez aulas de culinária e aprendeu a andar de moto, atividade que considera “fascinante”. A personagem é chef de cozinha e circula numa Scooter. Por fim, se mudou de mala e cuia para o Rio com a filha, Nina, de quase 3 anos.

— Eu me casei com um paulista (o músico Chuck Hipolitho, pai da menina) e fui morar em São Paulo. Eu me separei, mas continuei lá, onde fiz grandes amigos. Porém, desta vez, não quis ficar no vai e vem. Matriculei Nina em uma escolinha aqui e fico com ela o máximo de tempo — conta.


Nas horas de folga, Débora passeia com a filha e visita uma tia, que mora em Niterói. Quando Nina está com o pai, ela aproveita para jantar com as amigas, ler e assistir a filmes. Prefere programas mais tranquilos. Na boate Fosfobox, em Copacabana, onde foram feitas as fotos desta reportagem, só foi uma vez. Reservada do tipo que fala baixo e não altera o tom da voz, ela confessa que, muitas vezes, se sente deslocada no meio artístico.

— Se você for ao estúdio, é bem capaz de me encontrar num canto, quieta, pensando nas coisas. Não que eu seja tímida, sou na minha. E também não sou calma o tempo todo — avisa.
A filha, ao contrário, é extrovertida, o que vem obrigando Débora a se soltar:
— Ela é muito diferente de mim. É descolada, alegre. Tenho aprendido com ela.
Irmã da atriz e madrinha de Nina, Cynthia Falabella diz que Débora é focada.

— Sempre foi. É muito dedicada ao que faz. É um exemplo para mim que sou mais velha que ela. É uma superirmã, companheira e engraçada — classifica Cynthia, no ar em “Aquele beijo”.
Diretora-geral de “Avenida Brasil”, Amora Mautner conta que é difícil ouvir a voz de Débora no estúdio.
— Ela não fala nada! Sabe aquela típica mineira, quieta, mas que deve ter um vulcão dentro? Débora é assim. Como atriz, é um exemplo. Não dá trabalho para ninguém — elogia.

E Débora não perde tempo. Após a novela, vai produzir e rodar o longa “Dois macacos mais um” e subir nos palcos cariocas com a peça “O amor e outros estranhos rumores”, com a qual já rodou São Paulo. O espetáculo é produzido pelo Grupo 3, composto por ela, pelo produtor Gabriel Fontes e pela atriz Yara de Novaes.
— Em todo esse tempo de TV, nunca deixei de fazer teatro. É fundamental para o ator se reciclar — ensina ela.

Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário